Caminhada Penosa – um post muito pessoal.

O post de hoje é diferente, “cosy”, especial, porque de junto do coração. Uma vez que hoje é o dia Mundial do Médico de Família, dedico este post a um em especial, a outro em particular – cuja vida sempre me impressionou – extensível aos restantes médicos da minha família.

Aquele em especial, sabe quem é e acredito que também se sinta honrado por eu escrever sobre a vida do médico a quem dedido este post em particular – certo que terei que fazer um parêntesis de orgulho feminino especial pelo meio!

Enigmas à parte, conhecido pelo seu coração, bondade, empatia, ouvido amigo e grande profissionalismo, adorado por colegas e utentes, este médico em especial, o único oficialmente “Médico de Família” da minha lista, não reconhece com certeza estes elogios pois “não fez mais do que a sua obrigação”, mas certo é que deixou em todos uma marca pois era reconhecido por ser “o único que gera consenso!”. Aposto que ainda remoi pelas vezes que “falhou” sem se lembrar das muitas muitas em que acertou e fez a diferença!

Quanto ao médico em particular, tomou durante décadas um cargo hercúleo que talvez se possa considerar o precursor do atual “Médico de Família”. Forçado generalista, o Médico de Família vê-se obrigado a saber de tudo um pouco e curar todas as maleitas de qualquer especialidade. Está na primeira frente do contacto com o utente e é o ouvido de todos os males, físicos e não só, para além de confidente, mediador e, qual “Fonte da Juventude”, fonte de cura para todos os males.

Nos dias que correm, vêm os pacientes ao consultório, mas em tempos não há muito tempo idos, ia o “Físico” a casa do doente, por montes e vales, ao sol ou à chuva, de verão ou de inverno, muitas vezes, quase sempre, em cima da sua montada. Parece quase um Western, mas era a realidade em Portugal no início do século XX. De certeza que também o era noutros países. Sem grandes tecnologias, as que existiam ficavam pela metrólope a dias de distância, tinha que ter nas mãos o “raio-X”, nos ouvidos o “electrocardiograma” e na cabeça todas as enciclopédias possiveis e imaginárias, para além de uma “Pharmacopoeia”, para mandar o Boticário FAZER o preparado indicado! Esta vida sempre me impressionou, de certa forma a imagem do verdadeiro herói, calcorreando montes e vales para salvar vidas, com pouco mais do que as próprias mãos! Não consigo encontrar mais palavras pois é de assombro o sentimento e de orgulho, muito orgulho! Dos dois!

E passamos então ao meu parentesesinho, que nunca poderia deixar de fazer, pois também sinto orgulho e um imenso fascínio e respeito pela força e atitude necessária para que esta MULHER no início do século XX, se formasse em Medicina, com o respeito dos seus pares, num mundo absolutamente machista e nada amigo das mulheres. Valeu-lhe a infelicidade de perder o pai muito muito jovem e de ter uma MÃE com imensa garra e coragem que meteu na cabeça que todos os seus três filhos – rapariga incluída – haveriam de ser médicos. E assim o fez, numa época abolutamente adversa à mulheres, à custa da sua própria força e trabalho.

Tenho também orgulho e admiração, pela força e coragem, também necessárias, para dar um passo ao lado e criar uma família, apoiando o seu colega e marido, educando as crianças nas diferentes matérias até aos estudos liceais, dando origem a mais um médico!

Venho pois de uma família de médicos, de sangue e por afinidade, que comungam dos princípios da ética, compaixão e profissionalismo, mas curiosamente foi profissão que nunca almejei ter… centrei sempre a minha devoção pela área da ciência, da investigação, sempre de mãos dadas com a área da saúde, e bem, cá estamos comigo a partilhar as minhas maleitas e também as minhas soluções!

A todos os meus Médicos em especial e a todos os heróis Médicos de Família, um grande dia!

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